O ator Leonardo Vieira foi alvo de ataques homofóbicos na web e
decidiu se pronunciar nesta segunda-feira (09) através de uma carta
aberta.
Fotos de Leonardo com o um rapaz circularam pela web dias atrás, e as
redes sociais da ator ficaram lotadas de insultos e ataques
homofóbicos.
O ator diz que vai prestar queixa contra os ataques homofóbicos
sofridos por ele. Leonardo procurou a Delegacia de Repressão a Crimes de
Informática no Rio.
Em 2016, Leonardo fez o personagem Balaão na segunda fase da novela "Os Dez Mandamentos".
"Infelizmente, vivemos em um país ainda cheio de preconceitos e a
homofobia é um deles. Revelar-se homosexual não é fácil pra ninguém e
acredito que seja ainda mais difícil para uma pessoa pública. Sempre
achei 'assumir' um termo pesado demais. Assume-se um crime, um delito,
um erro e uma falta grave. Será que estou errado em ser quem sou? Será
que tenho alguma culpa para assumir? Esse termo "assumir" me perseguiu
como se eu tivesse cometido algum crime e que eu teria que fazer o "mea
culpa" e ser condenado. Nunca me senti criminoso ou culpado por ser
homosexual, eu me sentiria assim se tivesse matado alguém, ou roubado
alguém ou a nação. O fato de ser gay nunca prejudicou ou feriu alguém, a
não ser a mim mesmo; e não escolhi ser gay", afirmou o ator em seu
depoimento
Confira a carta aberta de Leonardo Vieira:
Quero iniciar essa carta primeiramente desejando a todos um feliz
2017! Desejo que o ano novo seja cheio de realizações para todos, mas
que seja principalmente um ano de mais tolerância, respeito e amor entre
todos os povos, crenças, religiões, cores, classes sociais, ideologias e
orientações sexuais.
O ano de 2016 terminou e com ele recebi uma tarefa para enfrentar em
2017, a qual quero dividir com vocês. Encarar essa missão será uma
grande mudança em minha vida, talvez a maior e uma efetiva quebra de um
paradigma. Ainda não sei que consequências estão por vir, mas quero
transformar o episódio e as consequências que vivencio em algo que tenha
algum valor para um número maior de pessoas.
No dia 28 de dezembro, comemorei meu aniversário e, para celebrar,
fui a uma festa privada de um conhecido. Lá reencontrei um amigo que já
não mora mais no Brasil e acabamos nos beijando. Um fotógrafo não
perdeu a oportunidade e disparou uma rajada de cliques registrando a
situação. O que era para ser um momento meu, acabou se tornando público.
No dia seguinte, a foto do beijo entre dois homens estava estampada na
capa de um grande site de celebridades e replicada em diversos outros
espaços.
Nunca escondi minha sexualidade, quem me conhece sabe disso. Não
estou “saindo do armário”, porque nunca estive dentro de um. Também
nunca fui um enrustido. Meus pais souberam da minha orientação sexual
desde quando eu ainda era muito jovem. No início não foi fácil pra eles,
pois somos de famílias católicas e com características bem
conservadoras, mas com o tempo eles passaram a me respeitar e aceitar a
minha orientação. Eles puderam perceber através da minha conduta que
isso era apenas um detalhe da minha personalidade. Eles entenderam que o
filho deles podia ser uma boa pessoa, honesto, bom caráter, bom filho,
bom amigo, mesmo sendo “gay”. Hoje, a única preocupação da minha mãe é
que eu não seja feliz. Eu posso afirmar para ela que sou feliz. Tenho um
trabalho que me realiza, amigos que me amam e uma família que me
conhece de verdade e que me aceita como eu sou, sem hipocrisias. Meu
caso não é nem o primeiro e nem será o último.
Desde cedo já sabia que eu queria ser ator. Já fazia teatro amador na
escola, antes mesmo de me descobrir sexualmente. Aos 22 anos, fui
alçado para a fama como um foguete. Em quatro capítulos de uma novela
fiquei famoso nacionalmente e me tornaram o galã do momento, um
“namoradinho do Brasil”. Em pouco tempo estava em todas as capas de
revistas e jornais. Passei a receber inúmeras cartas, convites para
comerciais de televisão, festas, desfiles, presenças VIPs. A mídia me
classificou como símbolo sexual e jornalistas me perguntavam como eu me
sentia sendo o novo “símbolo sexual”. Eu era novo e não sabia responder,
dizia apenas que estava feliz com a repercussão do meu trabalho. Eu nem
me achava tão bonito e sexy assim para ser tido como um símbolo sexual.
Sempre me achei um cara normal. Convivi com uma dúvida pessoal que me
tirou a paz por um tempo. Como eu poderia ser um símbolo sexual para
tantas meninas e mulheres quando a minha sexualidade na “vida real”
apontava em outra direção? Como lidar com isso? O que fazer? Declaro
minha sexualidade? A pressão era enorme de todos os lados, eu não sabia o
que fazer e acabei não me declarando publicamente, mantive uma vida
discreta e tratei o assunto em meio a círculos de amizade, trabalho e
família como algo natural.
Sempre achei que um ator deve ser como uma tela em branco. Ali
colocaremos tintas, cores, formas e sentimentos para dar vida a
diferentes personagens. Respeito, mas nunca concordei com atores que
expõem sua vida íntima ou levantam bandeiras ideológicas, exatamente
porque no meu entender isso poderia macular essa tela em branco e correr
o risco de tirar a credibilidade de um trabalho. O público passa a ver o
ator antes da personagem e para mim isso nunca foi bom. Um dos motivos
de nunca ter feito o meu “outing” foi esse e isso não é uma desculpa.
Provavelmente, se eu fosse hétero, manteria a mesma postura discreta em
relação a minha vida privada."
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