O
presidente Michel Temer vai recriar o Ministério da Cultura. Vamos
melhorar um pouco este texto: não se extinguiu estrutura nenhuma; não
haveria corte de verbas. Muito pelo contrário: o setor está com um rombo
de quase R$ 250 milhões. Temer já negociou com Henrique Meirelles, da
Fazenda, a cobertura do buraco, em prováveis parcelas de cinco vezes.
Sabem quando Dilma faria isso? Nunca!
Havia uma
justa demanda da sociedade pela redução do número de ministérios. E o da
Cultura, em razão da estrutura que tem e da proximidade óbvia com a
Educação, era um candidato à fusão.
Todos
sabem a minha opinião a respeito: eu não teria feito essa fusão porque
me parecia que a dor de cabeça seria infinitamente maior do que os
benefícios. Na era da Internet, boatos viram fatos.
E o boato
de que a Cultura estaria sendo subestimada virou, para os artistas, um
fato, ainda que não-verificável. Porque, efetivamente, não há
desprestígio nenhum.
Publicidade
Mas, ora
vejam!, a política também vive das aparências. Ainda que Temer tenha
mandado resolver o rombo da cultura e tenha anunciado a disposição de
aumentar a dotação orçamentária, isso acabará sendo subestimado se
restar a sensação de que, ao transformar um ministério em secretaria,
ele rebaixou o setor.
Assim, o
presidente está decidido a devolver à Cultura o status de ministério,
atendendo, de resto, ao apelo não apenas dos artistas. Parte
considerável da classe política também não viu a medida com bons olhos.
É um
recuo? É, sim! E me parece meritório! O bem que como tal não é percebido
e que corre o risco de ser lido às avessas, vamos convir, “bem” não é.
Porque assim será apenas se puder se desdobrar em fatos virtuosos. E,
definitivamente, não é o que está em curso.
O
presidente está com uma tarefa gigantesca nas mãos, como todos sabemos. O
rombo no Orçamento anunciado nesta sexta, 76,35% maior do que a gestão
Dilma havia anunciado, dá conta do desafio. Temer está consertando um
avião que estava pronto para se espatifar enquanto ele está voando.
Eu mesmo
estou entre aqueles que chamaram de “erro” a fusão. E não vou,
obviamente, censurar alguém que corrige um erro. Ao contrário: vou
aplaudir.
Que a
Cultura volte a ter status de Ministério. O que cobro, isto sim, é que
seja gerida por gente competente e que os gestores se orientem pelo
critério, então, da eficiência, da qualidade e do retorno dos recursos
investidos. Com em qualquer área.
Anotem aí: na segunda-feira, o presidente deve anunciar a mudança. Que bom!
O Brasil estava enfarado era de governantes que, ao perceber que adotaram um remédio errado, dobravam a dose. Assim fazia Dilma.
Também essa mudança é positiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário