quarta-feira, 11 de maio de 2016

Gestante com feto morto na barriga passa a noite em poltrona no Hospital Dom Malan

por Karine Paixão 11 de Maio de 2016 às 11:43
categoria: Denúncia

A denúncia do líder comunitário do N11, Francivaldo Rodrigues, no Nossa Voz causou repercussão até resposta de vereador na edição desta quarta-feira (10). Segundo Rodrigues, Luciana de Almeida Ferreira, 21 anos, está gestante  há 28 semanas e deu entrada no Hospital Dom Malan às 16h horas de ontem (10) com suspeita de morte do bebê que está esperando. Após a triagem tal situação foi confirmada e a paciente foi internada em uma poltrona a espera de uma vaga para indução ao parto normal, procedimento padrão adotado nesses casos. Ainda na manhã de hoje Luciana permanece na mesma poltrona sem conforto e previsão para início desse atendimento.
“Tem uma paciente, uma mulher da Vila 12, cuja família está desesperada. Eles me ligaram 05h45 relatando que essa mulher está grávida de oito meses e bebê está morto na barriga há mais ou menos dois ou três dias. Ela deu entrada no Hospital Dom Malan para retirar essa criança às 16h de ontem (10), passou a noite numa cadeira e até agora não fizeram absolutamente nada. O que estou fazendo não é uma denúncia, estou fazendo um apelo. Ela está com uma criança morta, entre dois ou três dias e tem que tirar porque o bebê já foi e vão deixar que também se vá a mãe? A gente faz um apelo também a comissão de saúde da Câmara Municipal. Ontem eu fui o primeiro a chegar e assisti a sessão até fechar os portões da casa e eu vi quando dr. Pérsio falou sobre a excelência do Dom Malan, então eu peço também a ele possa ajudar nesse caso porque agora é a vida de uma pessoa”, relatou Francivaldo que ainda revelou que a jovem esperava o primeiro filho.
Ao ouvir o relato e tal convocação, o vereador Pérsio Antunes entrou em contato com o programa. Na sua participação ao vivo, Antunes lamentou a situação de Luciana Ferreira e justificou sua classificação do serviço prestado no na unidade de saúde. “Quero me solidarizar com a família nesse momento de extrema angústia, de dor que essa família está passando pela perda de uma criança, um ente querido. Não sou advogado do hospital e nem tão pouco assessor de imprensa para fazer essa defesa, eu estou aqui defendendo aquilo que por ventura esteja acontecendo. Tenho certeza que a paciente já foi atendida, vou fazer um contato com a unidade para saber o que está acontecendo, vou fazer uma recomendação, mas eu gostaria de dizer que Hospital Dom Malan tem atendimento de excelência na parte médica, na parte de assistência médica, isso eu posso garantir que estou falando a verdade”.
O parlamentar também defendeu a administração do Imip/Dom Malan, mas reconheceu a precariedade da oferta de vagas para a população materno/infantil. “Inclusive ontem estive com o diretor do Hospital, dr. Etiel, pedindo a ele tentasse de alguma forma melhorar essa questão do volume de pacientes que chegam à unidade e não temos estrutura física para recebê-los. Porque nós recebemos pacientes de 53 municípios e hoje a grande maioria deles fecharam as suas maternidades e até os partos normais vão para o Dom Malan. (…) E isso faz com que o hospital fique sobrecarregado e não tenha a condição física de oferecer aquilo que a população merece e tem direito”.

O vereador, que também é médico obstetra, reforça que por enquanto a gestante não corre risco de morte. “A população tem razão, a família tem razão, agora lá na maternidade, logo na triagem esses pacientes são atendidos pela enfermeira, depois pelo médico e lá será dado o destino. A paciente que tem o feto morto na barriga pode aguardar a sua retirada por até 30 dias sem causar problemas, depois disso poderá haver algumas complicações. A conduta médica é baseada na conduta científica, no conhecimento e nos trabalhos que são feitos na história da medicina. Posso assegurar que essa paciente foi atendida, segunda feira eu estava lá, dei plantão, sei como funciona. Cada plantão conta com quatro médicos obstetras. Mas sobre essa questão da estrutura não posso falar que não é verdade. Lá na triagem ficam umas poltronas que reclinam e ficam quase como uma cama”.
Mas as declarações de Pérsio Antunes não foram bem recebidas pela moradora da Vila Esperança. Rose Soares fez questão de participar ao vivo para dar sua opinião e questionou os sentimentos do médico. “Dr. Pérsio, o senhor diz que uma criança pode passar um mês com uma criança morta dentro de uma mãe. O senhor sabe o que é uma dor de esperar um filho sabendo que ele está morto na sua barriga e ainda aguardar um mês? Eu se fosse o senhor não entrava no ar para falar uma besteira dessa. Respeite a dor dos outros, vereador”.
Em resposta Antunes garante estar sensível a situação. “A primeira coisa que falei foi que solidarizava com a dor da família. Eu exijo respeito de uma pessoa que não conhece a medicina. Eu falei em condutas baseadas em evidências científicas. Eu sou médico, não sou leigo, não sou charlatão ou líder comunitário que não sabe o que é medicina”. Ao finalizar, o vereador reafirma que desempenha bem o seu papel. “A culpa não é do médico, do enfermeiro e nem da direção do hospital. O meu papel eu fiz, ontem estive com o diretor da unidade e ele me disse que já encaminhou ao governador através do secretário de saúde, da rede de regulação, uma solicitação para aumentar o número de cirurgias eletivas que está com 198 pacientes na fila para operar; solicitou o aumento do número de vagas, porque só tem duzentas e poucas vagas para chegar a mais de 300 para dar um bom suporte a população, mais recursos para a clínica cirúrgica. Então o meu papel estou fazendo”.

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